assim quem sabe despir-me
assim quem sabe despir-me da consciência como da roupa
assim despir-me um pouco de pensar
e colocar um véu pesado sobre a vista
e a transfigurar
ah perder um pouco a cousa prenhe refletir
quem sabe ter um deus e crer na natureza
não ter insônia e esta clareza turva
de incerteza
assim quem sabe em meio às horas mortas
ter um sossego n'alma e algum descanso
pensar em ritos ou dinheiro alguma coisa santa
um gozo manso
assim não adiar por tanto tempo a hora calma
de adormecer e descansar no teu abraço
o tempo passa nos meus olhos de ver tudo
e eu também passo
quem sabe tirar a razão como quem tira os óculos
e pô-la sobre o móvel uma tarde inteira
dispor desta clareza que não me traz calma
sobre uma cadeira
jogar pela janela fora isto de tanto analisar
perder-me deste esforço inútil pela essência
tocar na banda ter esperança olhar as rosas
fugir da onisciência
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