O Poeta
Preparava
a massa, punha para fermentar, “queimava” o forno enorme de alvenaria, e assava
o pão.
O
meu irmão abria a padaria de madrugadinha e ficava esperando os fregueses e entre uma venda e outra dedilhava o velho
violão da casa.
* *
*
Não
se trata de romper com estruturas formais ou informais ou marginais ou tins e
bens e tais...
Não
se trata de estar contra nada, muito menos a favor.
Não
se trata de ter amor ou ódio.
Ou
lições a dar.
Ou
homenagens a fazer.
Ou
inovações literárias ou estéticas a forjar.
Ou
vontade de “chegar lá”.
Ou
desejo de “vencer na vida”
Ou
necessidade de “mostrar o meu trabalho.”
Não
se trata de ter medo ou coragem. Não se trata de nenhuma nova estética.
Não
se trata da tentativa de não morrer inédito e anônimo.
Não
se trata da derrubada de ícone algum ou coisa que o valha.
Apenas
uma tentativa marginal de expressão.
E
nenhuma coerência. Nem cronologia. Nem Aviso Prévio ou Éfegêtêésse.
Tudo
à revelia.
Sem
o desejo de me encontrar ou encontrar o “quê”, ou encontrar a “quem”, ou
deparar-me com Deus, ou libertar-me, ou sequer resolver, ou trazer à tona a
problemática social ou desabafo ou analogia com o que quer que seja e chega!
desse papo e dessa dor que vai se avizinhando agora sorrateira e taciturna.
Não
se trata de uma tentativa de vôo metafísico dada a dimensão da ignorância que
permeia o trabalho!
Trata-se
da tentativa de completar o vínculo entre quem escreve ou pinta ou encena com
quem vê ou lê como círculo virtuoso para que se processem até as recriações
possíveis e inevitáveis a partir do completamento do processo.
Faço
meu pão, abro a vendinha e espero os fregueses...
Trata-se
de fabricar e vender pão...
Músico. Poeta. Compositor. Libriano. Baiano de Vitória da Conquista. Morador de São Sebastião, cidade-satélite de Brasília, sempre militou na cidade em favor das artes, expondo seus quadros, declamando seus poemas ou cantando em bares, escolas e centros culturais.
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