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era uma vez uma menina



Era uma vez uma menina
e em cada beijo uma alucinação
o meu deserto e a minha ilha
o meu abismo e minha salvação
era uma flor e uma felina
o meu zodíaco meu mapa astral
era uma lua leonina
o meu começo e o meu final
a minha erva e a minha sina
a minha dúvida e o meu tesão
a minha régua libertina
minha companhia e minha solidão
era uma vez não sei ainda
será pra sempre será casual
era aconchego e armadilha
campo minado e flores no quintal

ah bruta flor do querer
ah bruta flor bruta flor

o meu ofício e alquimia
a engenharia de um poema tal
que nem pessoa pensaria
em tanto gozo em pleno funeral
era meu ácido e meu vício
o meu ovário e meu calcanhar
era meu hálito e armistício
o meu espelho no seu pegnoir
era o pulsar de uma vagina
na língua doce licor de hortelã
era uma boca turmalina
na exuberância de uma deusa sã

ah bruta flor do querer
ah bruta flor bruta flor

uma princesa de brasília
vinda das minas de joão guimarães
tão solidão e tão família
umas laranjas e umas maçãs
era canção que não termina
arquitetura da inspiração
oh joão cabral não me azucrina
se a gente ama a gente é boçal
era maleita e era saúde
era garimpo era comercial
era alarido era alaúde
era meu sólido e água mineral

ah bruta flor do querer
ah bruta flor bruta flor

e como és lágrima e alumínio
eu me ajoelho pra beijar teus pés
e lamentar meu infortúnio
ser o que sou e não o que tu és
e como és forte como eu sou tranqüilo
me pulverizo em teu amor fatal
e sugo o leite dos teus três mamilos
com meu teatro e meu natural

ah bruta flor do querer
ah bruta flor bruta flor

1 comentários:

Edvair Ribeiro disse...

er,,,!hum,,,!ee,,,poeta és um monstro,
genial, sentimental, simples, erudito, coisa e tal!