no desamparo desta noite a cama é dura
no desamparo desta noite a cama é dura
a luz é morna e o silêncio asfixia
de vez em quando passa um auto em disparada
de vez em quando sobre o muro um gato mia
o vento sopra ladra um cão coruja pia
estrelas piscam sobre as casas da favela
um motoqueiro um pernilongo um choro ao longe
alguém que tosse e um vento frio na janela
um assobio e a resposta na outra rua
devo lembrar-me de trocar este colchão
vou a cozinha geladeira copo d'água
os sonhos pairam na casinha do meu cão
um grilo canta uma monótona modinha
um sapo faz a terça sem convicção
um ronco longo uma sirene agora um fusca
ligo a teve tá terminado o corujão
o sol vem vindo e a ilusão de atividade
vai desfazer durante um tempo este cansaço
mas novamente os sons da madrugada insone
vão me envolver e asfixiar no seu abraço
1 comentários:
é sim.
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